A subcultura gótica (chamada de Dark no início dos anos oitenta apenas no Brasil) é uma cultura que teve início no Reino Unido durante o final da década de 1970 e início da década de 1980, derivado também do gênero pós-punk. A subcultura gótica abrange um estilo de vida, estando ela associada diretamente a musica Darkwave/Gothic Rock, Pós Punk, Ethereal Wave, EBM, e Synthpop, a estética (visual, moda e vestuário) com maquiagem e penteados alternativos (cabelos desfiados, desarrumados e desgrenhados) e uma certa bagagem filosófica e literária. A música se volta para temas que glamorizam a decadência, o niilismo, o hedonismo e o lado sombrio. A estética sombria se traduz na combinação de vestuário, desde death rock, punk, renascentista e moda vitoriana essencialmente baseados no Preto, muitas vezes com adições coloridas e de acessórios baseadas em filmes futuristas, como no caso dos cyber-goths.
Movimento cultural
Foi taxada como "movimento cultural" devido ao princípio de que tal visão e comportamento são um protesto acerca da ambientação dada na época em que se iniciou, isto é, uma alienação que afirmava uma evolução e liberdade que, em verdade, eram insuficientes (ou até inverossímeis), e contra a qual a descrença deveria ser usada como denúncia. Apesar de simplista, esta explicação define o pensamento ideal da maioria dos que afirmam pertencer a este grupo. De qualquer modo, o mundo não parece ter mudado muito, e a subcultura continuou a evoluir cada vez mais podendo basear-se ainda nesse formato.
Religião e simbolismo
A subcultura Gótico/Darkwave é uma subcultura laica, ou seja, é neutra à qualquer religião. É comum pessoas de fora da subcultura pensarem que os góticos estão diretamente ligados à esoterismo, anticristianismo e paganismo, sendo tal afirmação uma idéia equivocada. Isso quer dizer que cada indivíduo da subcultura Gótica é livre para seguir a religião que melhor lhes forem conveniente, seja ela teísta ou mesmo não seguindo nenhuma religião.
Os tidos wannabes - Uma gíria entre pessoas da sub-cultura gótica, que em sua semântica refere-se a um determinado sujeito novo, curioso e, mais diretamente, que "quer 'ser'" parte da mesma - Geralmente seguem à risca presunçosa e equivocada em denominarem aos outros pertencentes a ela apenas como Wiccas, Pagãos ou satânicos, sendo estes, como mencionado inicialmente, livres de qualquer doutrina ou Sociedade Secreta.Algum recurso de preâmbulo religioso é utilizado como temática, para músicas ou estética. Um crucifixo, por exemplo, pode, teatralmente, simbolizar a tortura (Crucio = tortura), pois a cruz foi cunhada em Roma, como instrumento para tal, antes mesmo do nascimento de Cristo. Simbolicamente no sentido de estética não vem totalmente ligado à música, as vestes góticas vieram de acordo com a ideologia a que ele pertence.
Um resumo dos beats dos anos 40 aos góticos dos anos 80
As verdadeiras raízes da subcultura gótica podem ser achadas inicialmente nos anos 40\50 na cultura beat.
Os beats eram pessoas com gosto pelo que outrora fora conhecido como cabaré (na época dos grandes artistas e pensadores franceses), ou seja, ambientes boêmios, onde conversavam, bebiam, fumavam, apreciavam saraus e ouviam boa música (jazzunderground e posteriormente rock). Tudo excessivamente. Tanto que os óculos escuros foram adotados ao estereótipo Beat, junto com as roupas predominantemente escuras e boina preta, por causa da fumaça.
Os cabelos eram compridos (porém mais curtos que os dos Hippies) e e eram comuns um tipo de cavanhaque bem aparado em linha ao longo do queixo. Nos Estados Unidos o movimento se tornou menos "intelectualizado", e mais junkie e desleixado. O primeiro uso do termo "Beat" ou "Beat generation" teria sido feito por Jack Kerouac no final dos anos 1940. Mas o termo só se popularizaria nos anos 50. Passou também a ser um movimento pop e "comercializável" de 57 a 61. Mas suas origens remontam ao underground dos cafés parisienses do pós-guerra. Daí vem o termo "estudante de arte existencialista e parisiense" para a postura Beat.
O Termo "Beatnik" foi cunhado pela imprensa, misturando Beat a Sputnik ( primeiro satélite russo no espaço sideral ). Os Beatniks nos 60's eram mais apolíticos ( e/ou pacifistas ), existencialistas, cool, sua poesia e música contemplava tanto o lado obscuro quanto hedonista e urbano da boemia. Porém o que era um movimento underground acabou em decadência com sua comercialização. Da diluição desse movimento surgiram talvez outros dois, o hippie e o punk]beat, ou glam punk.
Os Hippies formaram movimento politizado, expressivo (not cool), de visual colorido e cabelos muito longos. A parte do Beat que permaneceu no Hippie foi a religiosidade alternativa, muitas vezes orientalista, o "alternativismo", e alguns estilos musicais. Isso é bem o estilo de artistas que conhecemos muito bem, como Jimi Hendrix, porém não fazia a cara de outros como Iggy Pop. Uma parte dos Beats, claro, não se tornou Hippie, por discordar de suas tendências, e seguiu outros caminhos.
Logo, surge esse outro lado da ramificação temos a explosão do Glam e Glam punk. Com temáticas e abordagens mais profundas, líricas e adultas. Podemos então citar o Velvet Underground em Nova Iorque, os Stooges em Detroit e o The Doors em Los Angeles. O Velvet Underground glamouriza o decadentismo urbano, sem esperanças e floreios, para cena pop. Em 1970, surge em Nova Iorque o grupo New York Dolls com um rock crú e simples, em performances bombásticas travestidos de mulheres. "Ora, se as mulheres conquistaram o direito de se vestirem como homens, por que não?"
A temática chamou a atenção de David Bowie que a levou para o outro lado do atlântico. Junto a Marc Bolan do T-Rex, e o Roxy Music de Brian Eno e Bryan Ferry, Bowie se tornou referência mundial do Glam rock.
A abordagem do Glam Rock era basicamente o esteticismo e dandismo de Oscar Wilde e Baudelaire atualizado para os anos 70. A decadência do homem e da sociedade urbana e suas perversões hedonistas, a artificialidade, o pré-moldado, o poserismo, enfim decadence avec elegance (decadência com elegância). Dizer que Glam rock é apenas cores e purpurina é tão superficial quanto dizer que o Gótico é se vestir de preto.
A temática do Glam trazia através de músicas brilhantes (tanto em letra como melodia) a melancolia da condição humana e de temas soturnos, basta ver suas traduções. Mesmo esteticamente o Glam preservava um lado noir (sombrio). Algumas bandas como Bauhaus e Specimen, que deram origem a música gótica, não se diferenciam em quase nada das bandas incluídas no glam rock quanto à sua sonoridade. A atitude do Glam de androginia era mais do que Rockers durões, Mods (uma variante dos beats cuja diluição daria origem aos skinheads do lado mais durão e na evolução continua a transição para o Glam rock) e os Hippies conservadores estavam preparados. Era uma inversão. Além do mais naquela época nem se via mais o que fazer em termos de psicodelia, foi quando o Glam chegou e virou a cabeça de adolescentes que queriam também se vestir iguais aos seus ídolos. E a influência beat permanecia viva através do Glam.
Tanto nos Estados Unidos como na Inglaterra, conceitos e estéticas Beats permaneceram ao longo do Glam e dos anos 70. O rótulo "Punk" foi dado ao movimento rock que tinha, em resposta ao rock progressivo, músicas simples em execução, mas com temas sociais importantes. Bandas experimentais, contra a música comercial das grandes gravadoras, uma geração crítica em relação à arte e consumo de sua época, interessada em questões existenciais foram consideradas Punks antes de 77. Exemplos: Talking Heads e o Patti Smith Group. Mas em 78 o termo caía em decadência já era considerado um clichê gasto e distorcido pelo sucesso de 77. O diretor da gravadora Sire Records, Seymour Stein, considerou que estas bandas tinham o mesmo feeling dos filmes do movimento cinematográfica francês de características Noir (obscura) e contra-culturais chamado "Nouvelle Vague" (New Wave, em Inglês, Neue Welle, em alemão).
Assim New wave e Pós-punk (Póstumo ao punk) seriam os termos usados para classificar estas bandas originalmente chamadas de punk antes que o termo "punk" atingisse o fim de seu auge. Simultaneamente algumas destas bandas são afiliadas a sub-cultura Gótica. Na verdade com o tempo, o termo New Wave passou a ser utilizado para as bandas mais pops e Pós-Punk, para as mais underground. Ainda então, bandas da sub-cultura Gótica eram classificadas de ambas as formas. Mas posteriormente deixou-se o new wave para bandas com um visual mais colorido e para as bandas que adotaram um tendência mais sombrias acabou-se por usar o termo pejorativo gótico, que acabou pegando.
Toda a Estética Gótica inicial vai ser uma mistura Glam (androginia, poesia urbana e maldita, maquiagens pesadas, sonoridade rock básica, dandismo, etc), que também foram reforçados por uma influência do movimento new romantic dos anos 80, e a cultura Beat (poesia urbana e maldita, existencialismo e espiritualidade difusa, roupas escuras, acid rock, cool, jazz-rock, psicodelia, etc), ora tendo uma sonoridade mais pós punk, outra mais new wave. O termo foi usado durante a década de oitenta e na década de noventa também convencionou-se tirar o new e usar dark, dessa forma: Darkwave.
Estética como visual
A estética como um visual pessoal/individual, não é obrigatória pelos seus membros, uma vez que, gostando de determinados sub-gêneros musicais, estética, corrente literária, arte, convivência com pessoas que sentem-se atraídas e gostam do que é aceito no Gótico, ou tudo o que esteja ligado ao mesmo, torna-se quase o suficiente para que entendam seu "mecanismo". Embora, visual seja uma identidade individual (ou coletiva) de considerável importância que diferencie e caracterize em qual época e à qual sub-cultura um indivíduo pertence.
Dentro da sub-cultura gótica, há o que pode-se denominar como "esteriótipos visuais" das mais variadas referências adaptadas de cada indivíduo para si, são mesclagens criativas que abrangem desde Vitoriano, Edwardiano, Romantic Goth, Dandy, Steampunk, Dark cabaret, Fetish (estética BDSM), Cybergoth, Perky Goth, Pin-up,"Deathrocker", Medieval, Trad goth (ou góticos tradicionais oitentistas), alguns inspirados em filmes como os de Tim Burton, expressionismo alemão, ou clássicos da Hammer, entre outros meios de inspirações, que denunciam seus gostos particulares. Alguns aderem certos visuais propositalmente para "chocar", criticar algum alvo conceitual na sociedade, outros, como uma espécie de "cosplay", e outros ainda, por identidade pessoal que levam às suas vidas cotidianas de forma adaptável, ou, no uso de seu devido bom-senso deixando "extravagâncias" mais ousadas em ocasiões que julguem especiais.
A cor Preta como tonalidade predominante acompanhada a uma postura tida como juvenil, é geralmente um arquétipo do mainstream. Sendo esta, uma limitação dos conceitos superficiais direcionados à massa no que diz respeito à sub-culturas urbanas derivadas do que chamam de "Rock". A cor preta, como representação estética, geralmente é acompanhada de uma, ou mais cores adicionadas de forma peculiar para compor os visuais dentro dos esteriótipos variantes do Gótico, ou seja, não sendo esta predominante, embora ainda sim, presente. Como simbolismo, a semântica pode variar de indivíduo para indivíduo, ou estar praticamente ausente, permanecendo como apenas questão de estética. A presença de adultos na sub-cultura especialmente a norte-americana e europeia é em grande escala, o que modifica os conceitos sobre a sub-cultura tratar-se de algo juvenil, visto que ainda preza-se pela censura conforme o que diz respeito às leis e normas básicas de todo e qualquer evento, festival e concerto.
Os tipos de estéticas ou, esteriótipos visuais, recebem mais ênfase em eventos, concertos e festivais como o Wave Gotik Treffen realizado anualmente em Leipzig, na Alemanha, M'era Luna Festival, em Hildesheim situado em Alemanha, entre outros. Geralmente em países de primeiro mundo, especialmente no continente europeu e no norte da América, onde o IDH é mais elevado, possuem mercados maiores, no qual há mão-de-obra mais especializada e qualificada em confecções de produtos estéticos e artísticos que favorecem e nutrem suas modas, e, logo são importados à outros países.
Há também fotógrafos (as) e designers que criam suas obras inspiradas em derivações estéticas da sub-cultura gótica que divulgam por páginas da internet, exposições, etc. Obras como uma forma de arte, ou mesmo, incentivo à dresscode. São também promovidos desfiles no meio undergorund por profissionais da moda como a estilista alemã Vecona (Vecona.de).
Na moda das massas é muito frequente em coleções de Outono/inverno desde passarelas à lojas, onde o uso da estética gótica é tida como referencial, vide estilistas famosos como Alexander McQueen, Glória Coelho, John Galliano, Yohji Yamamoto, Karl Lagerfeld, Thierry Mugler, Jean Paul Gaultier, entre outros.
TV e cinema
cinema e a TV deram um bom espaço para a "goth culture" através de filmes, séries etc, como por exemplo, os filmes Nosferatu, filmes da Hammer films, produções do cineasta Americano Tim Burton, Drácula de Bram Stoker, Elvira (Rainha das trevas), A Família Addams (o filme), Entrevista com o vampiro, Jovens Bruxas, ou seriados como Família Addams e Os Monstros nos anos 60 e as séries animadas Total Drama Island e Total Drama Action. No Brasil, um notável expoente da "goth culture" foi a novela Vamp.
quem é a garota da foto gótica? bastante bonita!
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